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Ponto de Leitura Biblioteca Abdias Nascimento

domingo, 17 de junho de 2012

SABEDORIAS DO AXÉ

Este é o segundo conto da série Sabedorias do Axé. Nem sempre o que recebemos em troca de nosso trabalho é o que esperamos, o que ele vale, ou mesmo o que merecemos. Mas em algum momento o que adquirimos nna nossa caminhada pode se tornar muito valioso. É o que nos ensina o jovem Ajunsun...

Contam os mais velhos, que em certa ocasião Ajunsun decidiu sair para trabalhar. Indo até um vilarejo vizinho, encontrou um criatório de pombos onde trabalhou durante muito tempo. Após sete anos de dedicação, foi chamado pelo dono do lugar que o mandou embora entregando como pagamento um pombo morto, dizendo ser este o valor do seu trabalho. Ajunsun, aceitou de bom grado o pagamento, pôs o pombo para secar ao sol no telhado de casa, recolheu os ossos em sua bolsa e partiu. Chegando na próxima cidade, encontrou um senhor que criava bodes e passou a ajudá-lo. Mais sete anos se passaram e, como da vez anterior, foi dispensado recebendo como pagamento um bode morto. Agindo de modo igual, Ajunsun colocou o bode para secar ao sol no teto de sua casa, guardou os osso e seguiu adiante. No terceiro vilarejo, logo foi convidado para trabalhar como criador de galinhas. Trabalhou com afinco durante árduos sete anos. Aos final destes, seu patrão o chamou para acertar as contas e lhe informou que seu trabalho valia apenas uma galinha que havia morrido no primeiro dia de seu trabalho. Ajunsun recebeu o pagamento e, agindo como das vezes anteriores, seguiu caminhando. Chegando no reino vizinho, encontrou o povo sofrendo com uma grande seca. As plantações não cresciam e o gado, por falta de alimento, padecia. Ficou sabendo da notícia que corria aos quatro cantos de que o rei do lugar dependia de ossos de galinha falecida à sete anos para fazer uma magia que traria a abundância de volta ao lugar. Ajunsun foi ao encontro do rei, entregando o ingrediente tão necessário e recebendo em troca, por tamanho beneficio, um terço de todas as plantações do lugar. Feito isso, ele seguiu em frente. Na próxima cidade, Ajunsun ouviu falar que a filha do rei estava à beira da morte. Como remédio, ela deveria tomar uma sopa feita com ossos de um bode que tivesse morrido à 14 anos. Como ele possuía esse ingrediente, tratou logo de entregá-lo ao rei.
A vida da princesa foi salva e em retribuição ele recebeu a sua mão em casamento. Casou-se e seguiu em adiante. Antes mesmo de chegar ao próximo reino, visto que sua fama já corria longe, Ajunsun foi convidado à presença do rei que se encontrava muito doente. Temendo que ele não tivesse o ingrediente necessário para o remédio, o rei ofereceu seu próprio reino como pagamento. O tal ingrediente era osso de um pombo falecido à 21 anos. Esta era a última coisa que Ajunsun trazia consigo e ali permaneceu, tornando-se rei.

Um comentário:

  1. Muito bom mesmo, mas nós reles seres humanos não conseguimos esperar, acabamos tomando atitudes precipitadas pois não temos paciência, nem sabedoria para entender os sinais que recebemos da vida. Mas a idade vai nos mostrando que a paciência é o melhor caminho, espero que eu não precise esperar mais 21 anos para entender determinadas coisas que acontecem. Abraços

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